quarta-feira, 1 de março de 2017

A criação do Estado de Israel, 1948

15 de Julho de 1945, judeus sobreviventes do campo de concentração nazista de Buchenwald (alguns ainda vestem trajes de prisioneiro), no convés de um navio a caminho do porto de Haifa, na Palestina. Fotografia: Zoltan Kluger/IGPO/Getty Images Europe.
15 de Julho de 1945, judeus sobreviventes do campo de concentração nazista de Buchenwald (alguns ainda vestem trajes de prisioneiro), no convés de um navio a caminho do porto de Haifa, na Palestina. Fotografia: Zoltan Kluger/IGPO/Getty Images Europe.

Apesar de uma conturbada fundação, o Estado de Israel se consolidou perante seus vizinhos-inimigos por meio de uma forte política, quando não por meio das armas. A concretização de Israel, no Oriente Médio, transfigurou-se em uma problemática questão de interesse internacional, onde a paz cada vez mais se mostra acanhada. Cada um com sua bandeira, Israel e seus vizinhos encontram uma cambiante legitimidade para dar continuidade à luta.

Antes do nascimento do Estado de Israel, a criação da pátria já se tornara objeto de discussão global. No fim do século XIX, o judeu austríaco Theodor Herzl fortemente animou o imaginário da comunidade judaica internacional ao propor a criação de um estado israelense para, basicamente, servir de proteção aos seus pares, visto o alto grau de antissemitismo que percorria diversos países, sobretudo os europeus.
A esperança de uma pátria para os judeus começou a incendiar a imaginação de muitos e várias das cúpulas ocidentais concordavam que o povo judeu deveria ter sua própria nação mais uma vez. A problemática residia em encontrar a nação que cederia parte de seu território para tal fundação.
Em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial (1914–1918), Arthur Balfour, um influente político britânico, enviou uma declaração ao lorde Rothschild, um banqueiro judeu e financiador de projetos judaicos na Palestina. A “Declaração de Balfour”, como ficou conhecida, apoiava a criação, na Palestina, de um lar para o povo hebreu. Entretanto, até então, a Inglaterra não possuía poderes sobre o território, que, à época, ainda pertencia ao Império Turco-Otomano, seu adversário na guerra.
Comitê da declaração de independência de Israel. A fotografia, no quadro, retrata Theodor Herzl, o visionário do moderno Estado de Israel. Fotografia: Rudi Weissenstein, Ministério das Relações Exteriores de Israel.
Comitê da declaração de independência de Israel. A fotografia, no quadro, retrata Theodor Herzl, o visionário do moderno Estado de Israel. Fotografia: Rudi Weissenstein, Ministério das Relações Exteriores de Israel.
No Museu de Tel Aviv, o então líder da comunidade judaica na Palestina, David Ben-Gurion, proclamou a criação do sonhado Estado de Israel: “Este é o direito natural dos judeus serem donos de seus próprios destinos, assim como todas as outras nações, em seu próprio Estado soberano”. (The History Channel, 2014, p.290) Fotografia: Government Press Office (GPO).
No Museu de Tel Aviv, o então líder da comunidade judaica na Palestina, David Ben-Gurion, proclamou a criação do sonhado Estado de Israel: “Este é o direito natural dos judeus serem donos de seus próprios destinos, assim como todas as outras nações, em seu próprio Estado soberano”. (The History Channel, 2014, p.290) Fotografia: Government Press Office (GPO).
Com o término da Primeira Guerra Mundial, entretanto, o gigantesco e conturbado Império Otomano deixou de existir, esfacelando-se em diversas “pátrias”. A Liga das Nações, órgão internacional que visava evitar uma nova guerra, concedeu, mediante mandato, à Inglaterra e à França o domínio sobre alguns dos antigos domínios otomanos, sendo àquela responsável pelo controle territorial do que se tornariam Israel, Jordânia, Cisjordânia e Gaza.
O plano de Balfour também concebia o reconhecimento dos direitos civis e religiosos dos povos islâmicos, ao mesmo tempo em que estava disposto a ajudar árabes em outras regiões. Os britânicos apoiaram a criação de uma província chamada Transjordânia para os palestinos. No entanto, o plano inglês abrigava um equívoco que se mostraria trágico: acreditava-se que os árabes aceitariam passivamente a chegada dos judeus.
Posteriormente, nas décadas de 1920-1930, cada vez mais judeus chegavam à Palestina, transformando o modo de vida da região. Muitos árabes se posicionaram contra e os primeiros atritos/confrontos logo se iniciaram. Os países vizinhos da Palestina, que eram e continuam a ser muçulmanos, não desejavam que o povo palestino ficasse em segundo plano uma vez que já estavam ali — e há bastante tempo.
O governo britânico, por mais difícil que fosse, tentou manter o equilíbrio, mas após o término da Segunda Guerra Mundial (1939–1945), quando as vísceras do Holocausto (massacre de aproximadamente seis milhões de judeus) foram expostas aos quatro cantos planeta, a centelha da união dos judeus para com seu próprio povo nunca ardeu tanto. Transformou-se em ufanismo e o sionismo (nacionalismo judeu), mais do que nunca, compreendido foi por parte considerável dos semitas. Consequentemente, o Congresso Sionista Mundial solicitou que um milhão de judeus fossem acolhidos na Palestina, o que comoveu o coração de milhões de pessoas.
Bandeira da República de Israel.
Bandeira da República de Israel.
Na Palestina as opiniões divergiam radicalmente e mostravam que estava cada vez mais difícil de conciliar interesses judeus e palestinos — alguns já pegavam em armas. A recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU) teria que provar seu valor formulando alguma solução em que ambas as partes concordassem, mesmo que a nação israelita fosse fundada em outro local — solução esta que os palestinos concordavam, mas não os judeus que já somavam grande número no Oriente Médio.
Em maio de 1947, as Nações Unidas instituíram um comitê para delimitar o espaço para cada um dos povos no minúsculo território palestino, sendo as divergências entre as partes, mais uma vez, notórias e conturbadas. Deste comitê foi aconselhada a criação de dois estados independentes, um judeu e outro palestino. O relatório também estabeleceu que os lugares sagrados aos dois povos deveriam ser permanecer neutros, sob a tutela permanente das Nações Unidas.
Em novembro de 1947, apesar da reprovação palestina, o projeto foi votado e aprovado na ONU. Isto forneceu aval para o surgimento do Estado de Israel. Os países islâmicos, em solidariedade aos palestinos, mais uma vez, repudiaram o ato tido como ilegítimo e despótico.
O principal argumento árabe era o de que detinham todo o território, portanto, não lhes interessava ficar com menos da metade dele (aproximadamente 55% judeu e 45% palestino). Os judeus responderam dizendo que, em épocas mais remotas, seus ancestrais eram os donos de toda a Palestina (em 70 d.c., os romanos, após um duro cerco à cidade Jerusalém, expulsaram os judeus da Palestina — episódio conhecido como a segunda diáspora; Nabucodonosor II teria dado causa à primeira em 586 a.c.).
Embora ambas as partes já estivessem se engalfinhando há algum tempo, diz-se que no dia 9 de abril de 1948 as bandeiras de paz exclamaram horror, quando o ódio foi hasteado entre judeus e islâmicos. Ocorre que na parte ocidental de Jerusalém, na pacata aldeia de Deir Yassin, árabes conviviam em harmonia com os seus vizinhos, um grupo de judeus ortodoxos, e a boa relação entre os dois lados era, inclusive, reconhecida.
Entretanto, a paz se calou quando Deir Yassin foi atacada por um grupo de judeus que teria causado a morte de aproximadamente 200 pessoas (a aldeia tinha uma população estimada em 400 habitantes). Grande parte das vítimas era composta por mulheres e crianças. A crueldade dos radicais judeus acarretou uma imensa indignação perante as nações muçulmanas, onde o diálogo foi sepultado e a Guerra Árabe-Israelense, de 1948, fora municiada e engatilhada.
O grupo que atacou a aldeia teria sido formado por paramilitares de dois grupos sionistas, o Irgun e o Lehi. O Massacre de Deir Yassin, dessa forma, ultrajou o princípio judaico da “pureza das armas”, manchando, com o sangue de inocentes, a reputação de Israel.
Nasce o Estado de Israel
No mês seguinte ao massacre, mais precisamente em 14 de maio, finalmente desabrochava a tão sonhada República de Israel. As tropas britânicas se retiraram por ocasião do fim do seu mandato e logo no dia seguinte se iniciou a primeira de tantas guerras da região: uma força militar combinada composta por egípcios, sírios, libaneses e jordanianos cruzou as fronteiras do estado recém-criado estado israelense empreendendo plena força de combate.
Após um custoso período de derrotas, os agora autodenominados de israelitas/israelenses reagiram com vigor, quando mostraram que não deixariam que uma nova e melancólica diáspora ocorresse. Reagiram implacavelmente não apenas derrotando seus vizinhos, mas, também, ampliando seu território pátrio, o que elevou ainda mais o ódio dos países árabes, que começaram a pregar a destruição do estado israelita.
“Nasce o Estado de Israel”. Fotografia: The New York Times.
“Nasce o Estado de Israel”. Fotografia: The New York Times.
Momento simbólico: hasteamento da bandeira israelense ao fim da Primeira Guerra Árabe-Israelense, 10 de março de 1949. Fotografia: Micah Perry / Government Press Office (GPO).
Momento simbólico: hasteamento da bandeira israelense ao fim da Primeira Guerra Árabe-Israelense, 10 de março de 1949. Fotografia: Micah Perry / Government Press Office (GPO).
Desde então, o único fato em que ambas as partes concordam plenamente é trágica: a paz está distante. Mas todos, certamente, querem a paz…
REFERÊNCIAS:
BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Século XX. São Paulo, SP: Fundamento, 2008.
GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: Conflitos Mundiais Através do Tempo. Trad. Roger dos Santos. São Paulo: M.Books, 2005.
HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. 2 ed. 46 imp.. São Paulo: Companhia de Letas, 2012.
The History Channel Iberia B.V.. 365 dias que mudaram o mundo. trad. Mariana Marcoantonio. São Paulo: Planeta, 2014.
TOTA, Pedro. Segunda Guerra Mundial. In.: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2011.

Yuri Gagarin: “A Terra é azul”

O cosmonauta soviético/russo Yuri Gagarin com seu traje espacial pronto para fazer história em 12 de abril de 1961. Fotografia: autor desconhecido.
O cosmonauta soviético/russo Yuri Gagarin com seu traje espacial pronto para fazer história em 12 de abril de 1961. Fotografia: autor desconhecido.

Em 12 de abril de 1961 o soviético Yuri Gagarin, aos 27 anos de idade, tornou-se o primeiro homem a chegar ao espaço sideral, comprovando que a missão era possível e consagrando a frase: “A Terra é azul. Como é maravilhosa, incrível!”. Pelo pioneirismo, Gagarin recebeu a valiosa medalha da Ordem de Lenin e se tornou herói além das fronteiras da imensa União Soviética.

Com a surpreendente velocidade de aproximadamente 28 mil quilômetros por hora, o cosmonauta soviético rapidamente deu uma volta completa na órbita do planeta Terra em apenas 108 minutos, estando a cerca de 315 quilômetros de altura.
Antes de embarcar, Gagarin teria deixado a seguinte mensagem:
Queridos amigos, conhecidos e desconhecidos, meus queridos compatriotas e toda a humanidade, nos próximos e breves minutos possivelmente uma nave espacial me levará ao distante espaço sideral do universo. O que posso dizer sobre estes últimos minutos, antes de começar o voo? Toda a minha vida surge diante de mim neste belo momento único. Tudo o que fiz e vivi foi para isto! (The History Channel Iberia B.V., 2014, p. 222)
A chegada de Yuri ao espaço foi mais uma das consecutivas vitórias soviéticas na recém-criada corrida espacial, quando a União Soviética e os Estados Unidos disputavam influência durante o período conhecido como Guerra Fria. A corrida espacial teve início por ocasião do lançamento do satélite soviético Sputnik em 4 de outubro de 1957.
“Povoadores do mundo, cuidemos dessa beleza, não a destruamos” — Gagarin, provavelmente emocionado ao ver o Planeta Terra do Espaço. Observação: este magnífico registro fotográfico não foi realizado por Gagarin. Fotografia: autor desconhecido.
“Povoadores do mundo, cuidemos dessa beleza, não a destruamos” — Gagarin, provavelmente emocionado ao ver o Planeta Terra do Espaço. Observação: este magnífico registro fotográfico não foi realizado por Gagarin. Fotografia: autor desconhecido.
Cápsula da Vostok 1 que trouxe Gagarin. O cosmonauta saltou de paraquedas a aproximadamente 7 mil metros de altitude. Fotografia: AFP.
Cápsula da Vostok 1 que trouxe Gagarin. O cosmonauta saltou de paraquedas a aproximadamente 7 mil metros de altitude. Fotografia: AFP.
O foguete Vostok 1 que lançou Gagarin aos céus decolou do Cosmódromo de Baikonur, no deserto do Cazaquistão. Fotografia: AP Photo.
O foguete Vostok 1 que lançou Gagarin aos céus decolou do Cosmódromo de Baikonur, no deserto do Cazaquistão. Fotografia: AP Photo.
Plataforma de lançamento do Vostok 1. Fotografia: RIA Novosti / Science Photo Library / Barcroft.
Plataforma de lançamento do Vostok 1. Fotografia: RIA Novosti / Science Photo Library / Barcroft.
REFERÊNCIAS:
LUMMERICH, Karl-Heinz. 1961: Yuri Gagarin no espaço. Acesso em: 29 mar. 2016.
The History Channel Iberia B.V.. 365 dias que mudaram o mundo. trad. Mariana Marcoantonio. São Paulo: Planeta, 2014.
The Telegraph. Yuri Gagarin in pictures: 50 years since Russian cosmonaut became first man in space. Acesso em: 29 mar. 2016.
IMAGEM(NS):
A equipe do Museu de Imagens buscou informações para creditar a(s) imagem(ns), contudo, nada foi encontrado. Caso saiba, por gentileza, entrar em contato.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Sebastião Salgado e a sua Serra Pelada

Dois personagens anônimos – garimpeiro e policial militar – reproduziram parte do dia a dia do então maior garimpo do planeta, Serra Pelada. Fotografia: Sebastião Salgado.
Dois personagens anônimos – garimpeiro e policial militar – reproduziram parte do dia a dia do então maior garimpo do planeta, Serra Pelada. Fotografia: Sebastião Salgado.

Um dos trabalhos fotográficos mais marcantes do brasileiro Sebastião Salgado, onde retratou o então maior garimpo do planeta, Serra Pelada. Localizada no município de Curionópolis, no Pará, o garimpo, no auge de sua exploração, teria encorajado 80 mil garimpeiros a arriscar a vida na incessante busca por ouro. Gente que partiu de todas as regiões do Brasil e do exterior.

Quando cheguei [em Serra Pelada], a sensação foi muito forte. O que senti foi como se eu estivesse escutando o ouro na alma das pessoas — Sebastião Salgado, acréscimo nosso.
Serra Pelada parecia ser um verdadeiro formigueiro humano. Fotografia: Sebastião Salgado.
Serra Pelada parecia ser um verdadeiro formigueiro humano. Fotografia: Sebastião Salgado.
Os riscos de acidente eram imensos e a morte rotineira. Fotografia: Sebastião Salgado.
Os riscos de acidente eram imensos e a morte rotineira. Fotografia: Sebastião Salgado.
O garimpo de Serra Pelada. Fotografia: Sebastião Salgado.
O garimpo de Serra Pelada. Fotografia: Sebastião Salgado.
Garimpeiro de Serra Pelada. Fotografia: Sebastião Salgado.
Garimpeiro de Serra Pelada. Fotografia: Sebastião Salgado.
Trabalhadores de Serra Pelada. Fotografia: Sebastião Salgado.
Trabalhadores de Serra Pelada. Fotografia: Sebastião Salgado.
Trabalhadores de todo o Brasil e até do exterior compunham a força de trabalho em Serra Pelada. Fotografia: Sebastião Salgado.
Trabalhadores de todo o Brasil e até do exterior compunham a força de trabalho em Serra Pelada. Fotografia: Sebastião Salgado.
Serra Pelada e seus "escravos do ouro". Fotografia: Sebastião Salgado.
Serra Pelada e seus “escravos do ouro”. Fotografia: Sebastião Salgado.

"Minhas fotografias são um vetor entre o que acontece no mundo e as pessoas que não tem como presenciar o que acontece" — Sebastião Salgado. Fotografia: Sebastião Salgado.
“Minhas fotografias são um vetor entre o que acontece no mundo e as pessoas que não tem como presenciar o que acontece” — Sebastião Salgado. Fotografia: Sebastião Salgado.
Sebastião nasceu no município de Aimorés, em Minas Gerais, e atualmente se encontra residindo na França. É doutor em Economia e trabalhou para instituições importantes, como a Organização Internacional do Café (OIC). Mas sua paixão pela fotografia o levou a fundar sua própria agência de notícias, a As Imagens da Amazônia. Salgado também recebeu diversos prêmios internacionais, sendo por vezes apontado como o fotógrafo de maior expressão do Brasil.
A agência foi fundada em 1994 em um esforço conjunto com sua esposa, Léila Wanick Salgado, e seu site pode ser acessado neste link: Amazonas Images.
REFERÊNCIAS:
LOPES, Marcos. O garimpo de ouro de Serra Pelada de Sebastião Salgado. Acesso em: 14 jul. 2016.
SOUZA, Renata. Serra Pelada – por Sebastião Salgado (1986). Acesso em: 14 jul. 2016.

28 anos, pernambucano, graduado em Direito. Diligencia pesquisas sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever e, às vezes, arrisca-se – tragicamente – nos desenhos. Na Internet, atua como administrador, criador de conteúdo e revisor.

O Poderoso Chefão – personagens e histórias reais

Bonasera pedindo a Don Corleone que vingasse a sua filha na cena exordial do filme. Fotografia: Cena exordial de O Poderoso Chefão, Parte I (EUA; Coppola; 1972).
Bonasera pedindo a Don Corleone que vingasse a sua filha na cena exordial do filme. Fotografia: Cena exordial de O Poderoso Chefão, Parte I (EUA; Coppola; 1972).

Don Corleone, Johnny Fontane, Hyman Roth e tantos outros… figuras mundialmente conhecidas e admiradas da trilogia O Poderoso Chefão. O que poucos sabem é que suas histórias estão medonhamente alicerçadas sobre um fundo de verdade que nos faz refletir sobre a suposta honra do Padrinho. São histórias, personagens e assassinatos reais… Há muito mais que cannolis, as propostas irrecusáveis foram reais.

Breve esclarecimento
Baseada no livro O Poderoso Chefão, de Mario Puzo, a trilogia cinematográfica imortalizada por Francis Ford Coppola — O Poderoso Chefão, Parte I (EUA; Coppola; 1972); O Poderoso Chefão, Parte II (EUA; Coppola; 1974); e O Poderoso Chefão, Parte III (EUA; Coppola; 1990) — arrebatou milhões de fãs no mundo inteiro, sendo seus dois primeiros filmes considerados por muitos como os melhores da história. O que muita gente desconhece é que há um assombroso fundo de verdade em cada cena da trilogia.
Durante a criação deste artigo, notou-se, apesar da boa vontade, a complexidade do tema e restou decidido que o mesmo será confeccionado em partes devido à imensa quantidade de nomes, personagens e histórias, de modo que este material traz as considerações iniciais do todo e algumas das inspirações principais da trilogia, como o carismático Don Vito Corleone. Outrossim, sem desmerecer o trabalho dos atores, procurarei também não tratar seus nomes ao longo da matéria, visto a já declarada quantidade de prenomes e patronímicos.
Ainda, necessário se faz saber que todos mostrados aqui, sem exceção, coexistiram na mesma época — mais ou menos na primeira metade do século XX — sendo, inclusive, cúmplices, aliados e concorrentes mortais.
DON VITO CORLEONE
Don Vito Corleone, o Padrinho. Fotografia: Cena de O Poderoso Chefão, Parte I (EUA; Coppola; 1972).
Don Vito Corleone, o Padrinho. Fotografia: Cena de O Poderoso Chefão, Parte I (EUA; Coppola; 1972).
Abrindo a persiana, temos Don Vito “Corleone” Andolini. Certamente o mais famoso e carismático personagem da trilogia, sendo a si, inclusive, o título da trilogia conferenciado (título depois transmitido ao seu filho, Michael Corleone, que será abordado em momento oportuno). Apresentado nas partes I e II, foi o principal ator da sequência e emissor de frases e ações marcantes. Frases estas que se tornaram mundialmente conhecidas.
Apesar do comportamento calmo, amistoso e de quase se assemelhar a um santo para algumas pessoas, de santo Don Corleone não tinha nada. Definitivamente. Não se torna um Don sem extorquir, contrabandear e principalmente assassinar… A posição de chefe não é herdada de acordo com o berço, embora algumas vezes aconteça, ela é conquistada — tomada! — e somente os mais astutos e bravos “homens-feitos” sobem na hierarquia da Máfia. Os demais ou são subjugados ou morrem no percurso.
Na história real da Máfia, embora alguns autores e escritores maliciosos tendam a concentrar a vida de Don Vito Corleone em uma ou outra pessoa, parece claro, aos olhos da Criminologia e dos “entusiastas”, que sua inspiração decorre de uma gama de mafiosos mundialmente conhecidos, o que seria injusto declarar apenas um como iluminação definitiva. Entre os habitualmente referenciados, destacam-se três imigrantes italianos que nunca poderão ser deixados de lado, quais sejam: Joseph Bonanno, Charles “Lucky” Luciano e Carlo Gambino. O mafioso Al Capone raramente se mostra como referência de Don Vito por ter sido considerado um fanfarrão por diversos chefões da Máfia.
Joseph Bonanno, Charles “Lucky” Luciano e Carlo Gambino, respectivamente. Fotografias: Bonanno e Luciano: autores desconhecidos; Gambino: Hulton Archive - Getty Images.
Joseph Bonanno, Charles “Lucky” Luciano e Carlo Gambino, respectivamente. Fotografias: Bonanno e Luciano: autores desconhecidos; Gambino: Hulton Archive – Getty Images.
Joseph Bonanno, nascido na Sicília, na Itália, emprestou sua política, polidez e carisma ao Padrinho de Puzo e Coppola. Era temido e respeitado no submundo e, era, definitivamente, o que a Maffia chama de “homem de honra”. Dentre todos os indicados, é geralmente o mais aceito como a grande inspiração para o Don das telonas.
Contrabandista de bebidas alcoólicas, assassino profissional, agiota, extorsionário e Don da Máfia, sempre se considerou, antes de tudo, um homem de honra, um homem para quem a tradição era absolutamente importante, para quem o bom nome e a boa reputação vinham antes de qualquer coisa. Considerado por muitos como o modelo para o Don Corleone de Mario Puzo, do best-seller O Poderoso Chefão, Joseph Bonanno incorpora tudo o que é inesquecível sobre o saber da Máfia, e talvez mais do que qualquer outro gângster na história resume bem o que era pertencer a La Cosa Nostra. (CARTER, 2007, p. 13, grifo autoral)
Charles “Lucky” Luciano, nascido na Sicília com o nome de Salvatore Lucania, sistematizou a Cosa Nostra (Máfia Ítalo-Americana) ao criar a Comissão no início da década de 1930 e se tornou seu grande chefão. A Comissão pode ser vista em diversos momentos, quando reunidos os dons debatem e deliberam sobre a pauta do dia.
Lucania foi o primeiro a se infiltrar verdadeiramente na política e a perceber que esse era o caminho natural para o fortalecimento do crime organizado transacional. Utilizando o sistema contra o próprio sistema, Salvatore Lucania criou uma grande e poderosa rede de corrupção internacional.
Cumprindo pena durante a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), Charles “Lucky” Luciano fez um acordo com os Aliados em troca de sua liberdade: Favoreceria a invasão aliada na Itália, o que salvou a vida de milhares de soldados aliados, e denunciou espiões e sabotadores nazistas nos Estados Unidos. Em troca recebeu sua liberdade de volta sob a condição de nunca retornar à América.
Controlava apostas, casas clandestinas de jogos, prostituição e roubo de mercadorias. Com a Lei Seca (1919–1933), entrou para o ramo de contrabando de bebidas e criou uma rede de distribuição nacional e bares ilegais. Já em 1927 estava milionário. Quatro anos depois fundou o Sindicato do Crime [a Comissão], organização que agia em dez estados americanos e no Canadá. (AMORIM 2010, p. 356, acréscimo nosso)
Carlo Gambino, também nascido na Sicília, o mais poderoso chefão das décadas de 1960 e 1970, abarcou para si o título de verdadeiro chefe mafioso e foi um dos mais pérfidos assassinos em sua sangrenta ascensão na hierarquia da Cosa Nostra. Para Gambino, o poder era o único modo de se impor respeito à corrupta e vergonhosa sociedade, era o único modo de viver com “dignidade”.
Carlo Gambino foi uma força incrivelmente poderosa, tanto como um homem de negócios legais, com interesse em firmas de construção e fábricas, quanto como criminoso, incluindo a influência opressiva que exercia sobre os sindicatos. (CARTER, 2007, p. 98-99)
Todos eles forneceram subsídios para a construção do mítico Don Corleone. Ora com sagacidade e política, ora com sangue e glamour. Também é amplamente conhecido que os supracitados mafiosos foram os responsáveis pela reformulação e condução do crime organizado moderno durante décadas.
JOHNNY FONTANE (FRANK SINATRA)
Johnny Fontane. Fotografia: Cena de O Poderoso Chefão, Parte I (EUA; Coppola; 1972).
Johnny Fontane. Fotografia: Cena de O Poderoso Chefão, Parte I (EUA; Coppola; 1972).
Frank Sinatra, ator e cantor norte-americano de ascendência italiana e eterno ídolo de diversas gerações. Astro de filmes e inesquecíveis canções que embalaram casais apaixonados. Dono de diversos prêmios internacionais e com o nome cravado na Calçada da Fama de Hollywood, Frank, como muitos outros astros, também possuía suas ligações com a Máfia Ítalo-Americana – Cosa Nostra.
Embora a sequência não dedique tanta importância a Johnny Fontane, o livro destina boa soma de páginas ao personagem que, entre uma ou outra discórdia, teria sido inspirado em Frank Sinatra. As semelhanças, de fato, são imensas e a obra literária de Mario Puzo traz diversas histórias semelhantes aos fatos reais da vida de Sinatra. Puzo, inclusive, teria sido ameaçado por Sinatra algumas vezes.
Em 1998, Tina Sinatra, filha de Frank Sinatra, revelou em detalhes o envolvimento do pai com a máfia, o que também incluiu esquemas de mútua ajuda na campanha presidencial de John F. Kennedy contra Nixon. O Federal Bureau of Investigation (FBI) possui mais de duas mil páginas acerca do passado “duvidoso” de Sinatra.
Frank Sinatra, sem dúvida, viveu em uma época extraordinária e foi cercado por homens igualmente extraordinários. Bastante do glamour norte-americano decorre do cotidiano dos mafiosos e, embalados pelas músicas de Frank, muitos mataram e morreram impondo seu jeito, fazendo tudo do seu jeito, como na emocionante canção My Way.
HYMAN ROTH (MEYER LANSKY)
Hyman Roth. Fotografia: Cena de O Poderoso Chefão, Parte II (EUA; Coppola; 1974).
Hyman Roth. Fotografia: Cena de O Poderoso Chefão, Parte II (EUA; Coppola; 1974).
Na parte II de O Poderoso Chefão surge Hyman Roth, um gângster judeu que teria sido inspirado em Meyer Lansky. O filme, onde importante parte da ambientação se passa em Cuba, revela os investimentos da Máfia na então ilha do ditador Fulgêncio Batista, uma marionete dos gangsteres que acaba sendo deposto com o sucesso da Revolução Cubana (1959).
O filme mostra o judeu como traidor, mas, na vida real, Lansky foi muito mais que um aliado dos ítalos-americanos: foi uma pulsante e inesgotável fonte de lucro para seus amigos (fato relatado no filme, quando se diz que ele “ele sempre traz lucro para seus amigos”).
Meyer Lansky, nascido como Maier Suchowljansky na Polônia ou Rússia (nascimento incerto), era um sujeito pacato e sempre procurou distância dos holofotes da imprensa. Acabou a vida conhecido na história como “o Cérebro”, ou “o Homenzinho”, do crime organizado moderno e foi um dos alvos mais proeminentes do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Tornou-se conhecido por sua inteligência, cordialidade e capacidade de se manter um passo à frente dos demais, trabalhando com tudo dentro e fora dos Estados Unidos.
Mesmo com diversos órgãos do governo no seu encalço por décadas, o gangster judeu passou pouquíssimo tempo preso ou detido e encerrou sua carreira de delitos ao morrer tranquilamente aos 80 anos de idade. Tão bem-sucedida foi a sua carreira que nos últimos anos de vida as agências do governo acabaram “desistindo” de prendê-lo.
Lansky atuou com figuras lendárias da Cosa Nostra, como Charles “Lucky” Luciano (amigo desde a juventude), Carlo Gambino, Joe Bonanno e tantos outros dons que mostraram ao mundo como crime organizado funciona.
Meyer Lansky na juventude e na velhice. Fotografias: autor desconhecido; e Al Ravenna, World Telegram Staff Photographer, respectivamente.
Meyer Lansky na juventude e na velhice. Fotografias: autor desconhecido; e Al Ravenna, World Telegram Staff Photographer, respectivamente.
MOE GREENE (BENJAMIN “BUGSY” SIEGEL)
Moe Greene. Fotografia: Cena de O Poderoso Chefão, Parte I (EUA; Coppola; 1972).
Moe Greene. Fotografia: Cena de O Poderoso Chefão, Parte I (EUA; Coppola; 1972).
Embora o personagem tenha pouco aparecido na parte I da trilogia e seja custoso trazer um paralelo à tela, Moe Greene — aquele que acolheu Fredo após o incidente com Don Vito Corleone — foi diretamente inspirado nas ações e estilo de vida do gangster judeu Benjamin “Bugsy” Siegel, um dos mais perversos e destacados de sua estirpe.
Tal inspiração fica evidenciada na parte II da sequência de Coppola, quando Hyman Roth, diretamente, acusa Michael Corleone do assassinato de Moe Greene (fato ocorrido no fim da parte I, quando diversos chefões rivais são assassinados simultaneamente). A morte de Greene, com um tiro no olho, também foi inspirada na vida real, visto que, entre os disparos que acarretaram a morte de Siegel, um se destacou por ter atingido seu olho.
O nome Moe Greene também é uma junção dos nomes dos dois mafiosos que sucederam Siegel na administração do Cassino Flamingo, Moe Sedway e Gus Greenbaum.
Acerca de Benjamin, diz-se que contribuiu generosamente na parte mais violenta do moderno crime organizado, também sendo, por sua pompa e boa aparência, o principal articulador entre criminosos e políticos e o idealizador da cidade de Las Vegas. Juntamente com Lansky, Siegel criou bases de operação criminosa no estado de Nevada, onde os jogos de azar foram liberados após a Quebra da Bolsa de Wall Street (1929), o que possibilitou a construção de grandes e luxuosos cassinos próximos a Hollywood. Também atuou na “conquista” de Cuba e do México.
Atraente, elegante e de hábitos refinados, Benjamin “Bugsy” Siegel carregou consigo durante décadas a fama de galã do submundo e amante de estrelas de Hollywood — perigosamente popular entre senhoras e senhoritas. Assassino, sádico, estuprador e reputado como sociopata — indiferente aos crimes mais repugnantes. Ben, como era chamado por seus íntimos, foi um dos gângsteres mais implacáveis da história, ainda que sua violência igualmente convivesse com sua notória beleza e seus hábitos galanteadores. Ao nome de Siegel também se associa outro feito: transformar uma pequena cidade no meio do deserto na Cidade do Pecado — Las Vegas! (BEZERRA, 2015, s/p)
Benjamin “Bugsy” Siegel, o galã do submundo. Fotografia: autor desconhecido.
Benjamin “Bugsy” Siegel, o galã do submundo. Fotografia: autor desconhecido.
Amigos de infância: o gangster Siegel e a estrela de Hollywood, George Raft. Na ocasião, Raft se encontrava no tribunal para testemunhar em favor de Siegel. Fotografia de 18 de julho de 1944, Hollywood. © Bettmann / Corbis. ID BE028709.
Amigos de infância: o gangster Siegel e a estrela de Hollywood, George Raft. Na ocasião, Raft se encontrava no tribunal para testemunhar em favor de Siegel. Fotografia de 18 de julho de 1944, Hollywood. © Bettmann / Corbis. ID BE028709.
REFERÊNCIAS:
AMORIM, Carlos Roberto. Assalto ao Poder. Rio de Janeiro: Record, 2010.
CAWTHORNE, Nigel. A História da Máfia. trad. Guilherme Miranda. São Paulo: Madras, 2012.
CARTER, Lauren. Os gangsteres mais perversos da História. trad. Magda Lopes. São Paulo: Planeta do Brasil, 2007.
MENDRONI, Marcelo Batlouni. Crime Organizado: aspectos gerais e mecanismos legais. 3. ed. São Paulo: Atlas. 2009.
PUZO, Mario. O Poderoso Chefão. trad. Carlos Nayfeld. 29ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2014.
SMITH, Jo Durden. A História da Máfia. trad. Beatriz Medina. São Paulo: M. Books do Brasil, 2015.
IMAGEM(NS):
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Brasília: 21 imagens curiosas da sua construção

Placa icônica — e bem-humorada — acerca da construção de Brasília. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Placa icônica — e bem-humorada — acerca da construção de Brasília. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.

Construída pelos chamados candangos e inaugurada pelo Presidente Juscelino Kubitschek em 21 de abril de 1960, Brasília, a Capital Federal, já nasceu impondo recordes e trazendo esperança ao povo brasileiro, por sua rápida, organizada e imponente construção: é a maior cidade inteiramente construída no século XX, alicerçada sob o entusiasmante slogan de Kubitschek: 50 anos em 5.

A ideia da construção de Brasília, contudo, remonta o período em que o Brasil ainda era um império e teria sido ideia do teuto-brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen, historiador, engenheiro e diplomata nascido em Sorocaba, no interior de São Paulo.
No ano de 1849, Francisco enviou carta ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro sugerindo a transferência da capital do Rio de Janeiro ao interior do país. Em 1877, Francisco Varnhagen, que desde 1868 chefiava a legação brasileira em Viena, a então capital do poderoso Império Austro-Húngaro, veio especialmente ao Brasil para fazer seus estudos sobre onde deveria se localizar o que quase um século mais tarde se chamaria de Brasília.
Fotografias cristalizadas referentes à construção de Brasília:
…E placa ainda continua lá e certamente ganhou o carinho de todos. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
…E placa ainda continua lá e certamente ganhou o carinho de todos. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Planalto Central: um “mundão” de terras. Parecia impossível construir tamanha cidade planejada em tão pouco tempo. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Planalto Central: um “mundão” de terras. Parecia impossível construir tamanha cidade planejada em tão pouco tempo. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
“Mas nós somos brasileiros e não desistimos nunca” — Clarissa Passos. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
“Mas nós somos brasileiros e não desistimos nunca” — Clarissa Passos. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Veículos, carroças, bicicletas, animais ou mesmo o expresso canelinha (a pé)… tudo era necessário nos primeiros anos de Brasília. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Veículos, carroças, bicicletas, animais ou mesmo o expresso canelinha (a pé)… tudo era necessário nos primeiros anos de Brasília. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Comércio surgindo para atender às necessidades dos candangos. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Comércio surgindo para atender às necessidades dos candangos. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
A reconhecida irreverência do brasileiro desde o início marcou a cidade de Brasília. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
A reconhecida irreverência do brasileiro desde o início marcou a cidade de Brasília. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Barracões temporários onde a maioria dos candangos residia. Sem desejar eufemismo, os antigos barracões de Brasília lembram os dos campos de concentração nazista. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Barracões temporários onde a maioria dos candangos residia. Sem desejar eufemismo, os antigos barracões de Brasília lembram os dos campos de concentração nazista. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Crianças no canteiro de obras eram habituais, ora se divertindo ora ajudando, afinal, toda criança um dia já quis ser pedreiro…. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Crianças no canteiro de obras eram habituais, ora se divertindo ora ajudando, afinal, toda criança um dia já quis ser pedreiro…. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Placa demarcando o local onde seria construída a Residência Oficial da Presidência da República, o Palácio da Alvorada. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Placa demarcando o local onde seria construída a Residência Oficial da Presidência da República, o Palácio da Alvorada. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Esqueleto do Palácio da Alvorada já construído. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Esqueleto do Palácio da Alvorada já construído. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Candangos com a mão na massa. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Candangos com a mão na massa. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Dados interessantes dos censos realizados durante a construção de Brasília:
A migração começa em 1956 com a chegada de 256 trabalhadores, os primeiros candangos, como eram chamados os operários que construíram Brasília.
Em janeiro de 1957, a estimativa era de 2.500 trabalhadores. Uma contagem populacional feita em julho do mesmo ano indicava precisos 12.283 candangos. O livro do IBGE revela ainda que esse número atinge 28 mil trabalhadores em março de 1958. Entre esse ano e a aplicação do censo experimental (maio de 1959), o cálculo é de um crescimento mensal médio de 2,1 mil pessoas.
Grande parte dessa população vivia em acampamentos da construção dos primeiros prédios de Brasília e a maioria na faixa etária de 20 a 40 anos. A origem predominante dos candangos era dos estados mais próximos: Goiás (23,3%), Minas Gerais (20,3%) e Bahia (13,5%). Em termos regionais, os nordestinos eram os principais candangos (44%). O IBGE também contou 1.216 estrangeiros morando em Brasília em 1959. (COSTA, 2016, s/p)
Mais candangos e mais massa. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Mais candangos e mais massa. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
...Candangos com carrinhos de mão, afinal, massa era o que não faltava. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
…Candangos com carrinhos de mão, afinal, massa era o que não faltava. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Máquinas pesadas e trabalhadores na construção da Capital Federal. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Máquinas pesadas e trabalhadores na construção da Capital Federal. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Também havia muitos bares, pois toda guerra tem seu dia de papa. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Também havia muitos bares, pois toda guerra tem seu dia de papa. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Rede elétrica improvisada para amenizar a vida dos primeiros cidadãos de Brasília e fazer as máquinas trabalharem. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Rede elétrica improvisada para amenizar a vida dos primeiros cidadãos de Brasília e fazer as máquinas trabalharem. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Muitos prédios temporários foram criados para auxiliar e organizar as tantas obras. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Muitos prédios temporários foram criados para auxiliar e organizar as tantas obras. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Violão, cigarrinho, conversa fiada… candangos em seu momento de descontração. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Violão, cigarrinho, conversa fiada… candangos em seu momento de descontração. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
No último censo da época da construção de Brasília, mais de 7 mil pessoas já haviam nascido em Brasília. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
No último censo da época da construção de Brasília, mais de 7 mil pessoas já haviam nascido em Brasília. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
A boa e inestimável imagem do brasileiro: um sujeito que, apesar dos pesares, sempre encontra motivos para continuar sorrindo. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
A boa e inestimável imagem do brasileiro: um sujeito que, apesar dos pesares, sempre encontra motivos para continuar sorrindo. Fotografia: Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
REFERÊNCIAS:
ALVES, Renato. Os 200 anos do homem que chefiou a 1° expedição para construção de Brasília. Acesso em: 24 fev. 2016.
COSTA, Gilberto. Censo populacional de 1959 revela quem eram os candangos que construíram Brasília. Acesso em: 24 fev. 2016.
PASSOS, Clarissa. 20 fotos inacreditáveis da construção de Brasília. Acesso em: 20 fev. 2016.
VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002.